Em um momento bastante conturbado institucionalmente em nosso país, especialmente pelo lado político, há um tema ainda pouco explorado e, principalmente, sem o planejamento de ações concretas para resolver o mesmo. Refiro-me ao endividamento das famílias brasileiras.
Em meio a polêmicas em relação aos vazamentos de informações, à ação de hackers etc., temos hoje em nosso cenário econômico um péssimo momento quanto à capacidade de pagamento de contas e demais obrigações econômicas das famílias. Recentemente, uma pesquisa nacional do Sistema de Proteção ao Crédito sinalizou que, em média, as famílias estão mais endividadas do que há cinco anos. Em média, uma família, deve R$ 3,3 mil ao mês, isto é, o que "ela" deixou de pagar a cada mês.
As causas disso são várias, mas este estudo apontou três principais como as que mais explicam esse fenômeno. São elas: o desemprego, o subemprego da população e a baixa do otimismo, ou seja, as expectativas da população quanto à economia estão em descrédito e, portanto, não há investimento suficiente para dar conta das necessidades da população.
As principais contas (despesas) que possuem a maior inadimplência e consequentemente as que causam o endividamento são: financiamento bancário (53%); comércio, junto a lojas, tanto do varejo como do atacado (15%) e as contas fixas, como água, luz e etc. (11%). Esta realidade é desfavorável ao cenário econômico presente, assim como se analisarmos as consequências em média e longo prazo para a nossa economia.
E ainda, as principais discussões em rodas de conversa são o caso Neymar e a política. Não que esses são menos importante do que o endividamento, no entanto, as famílias estão clamando por uma solução a este problema. Precisamos pensar em uma economia eficiente e moderna e, com a alta do endividamento, isso não é possível. As ações de ajustes conjunturais devem ser feitas. Uma nova política macroeconômica deve ser estabelecida o mais rápido possível, além das reformas estruturais de longo prazo como a da Previdência.
Ações como a possibilidade de desenvolver processos de educação financeira nas escolas e no contexto familiar parecem serem alternativas importantes frente esta nova realidade. Além disso, projetos que viabilizem oferecer maiores subsídios aos empresários, especialmente no que tange ao planejamento financeiro de empresas, bem como aos futuros empreendedores, podem ser o início da mudança deste cenário. Por parte do Estado, precisamos de políticas macroeconômicas que urgentemente incentivem o emprego, os investimentos produtivos, as reformas no sistema monetário e o aumento da produtividade do trabalho.
O ambiente não deve ser hostil à produção e a melhora da eficiência econômica. Em um cenário com mais otimismo e sem endividamento, o crescimento econômico poderá ser retomado mais facilmente. Como consequência disto a possibilidade de melhorar a qualidade de vida e bem estar da população.
Portanto, esse tema deve ser de fato mais discutido e debatido em nossa sociedade de maneira mais aprofundada. Precisamos no curto prazo de um novo protagonismo de todos (as) no pensar sobre possíveis estratégias para minimizar essa "agonia" das famílias brasileiras. Não se pode esmorecer nesta tarefa de buscar soluções ao problema do endividamento e demais dificuldades encontradas por elas e que se colocam como barreiras para o fortalecimento e desenvolvimento de nossa sociedade.